Embora os noticiários falem de “adoção em massa” e bilionários promovam ativos digitais como o futuro do dinheiro, poucos param para perguntar: quantas pessoas, de fato, possuem criptomoedas hoje? A resposta revela uma realidade mais matizada do que o hype sugere — nem o apocalipse iminente dos céticos, nem a revolução total dos entusiastas. Em 2025, a posse de criptomoedas ainda é uma minoria global, mas uma minoria em rápida expansão, impulsionada por jovens, mercados emergentes e inovações em infraestrutura financeira.
Saber quantas pessoas possuem criptomoedas não é apenas uma curiosidade estatística; é um termômetro da maturidade do ecossistema. Indica até que ponto as criptomoedas deixaram de ser um experimento de nicho para se tornarem parte do repertório financeiro comum. E os números, embora variem conforme a metodologia, apontam para um fenômeno real, desigual e profundamente influenciado por fatores econômicos, regulatórios e culturais.
- Qual é o número estimado de proprietários de criptomoedas no mundo em 2025?
- Quais países lideram em adoção por população e por volume absoluto?
- Quem são os principais perfis de detentores: investidores, usuários ou especuladores?
- Como a regulamentação afeta a posse de criptoativos em diferentes regiões?
- O que os dados sugerem sobre o futuro da adoção global?
O número global: entre 400 e 550 milhões de pessoas
Estimativas confiáveis de quantas pessoas possuem criptomoedas variam conforme a definição de “posse”. Se considerarmos qualquer carteira com saldo maior que zero, o número é inflado por contas abandonadas, bots e múltiplas carteiras por pessoa. Já se usarmos critérios mais rigorosos — como transações recentes ou saldos mínimos —, o número é menor, mas mais representativo.
Com base em dados agregados de Chainalysis, Triple A, Statista e relatórios da Cambridge Centre for Alternative Finance, estima-se que entre 400 milhões e 550 milhões de pessoas no mundo tenham algum tipo de exposição a criptomoedas em 2025. Isso representa aproximadamente 5% a 7% da população global adulta (com mais de 18 anos).
Para comparação: em 2017, durante o primeiro grande bull run, menos de 20 milhões de pessoas possuíam criptoativos. Em 2021, após o boom do DeFi e NFTs, o número saltou para cerca de 300 milhões. A curva de adoção, embora volátil, é claramente ascendente.
Adoção por região: desigualdade e oportunidade
A posse de criptomoedas não é distribuída uniformemente. Três fatores explicam os desequilíbrios regionais: acesso à internet, instabilidade monetária e regulamentação favorável.
Ásia-Pacífico: o epicentro numérico
Países como Índia, Vietnã, Indonésia e Filipinas lideram em número absoluto de usuários. A Índia, sozinha, tem mais de 120 milhões de pessoas com criptomoedas — impulsionadas por aplicativos móveis simples, inflação persistente e uma população jovem digitalmente nativa. No Vietnã, mais de 20% dos adultos já possuíram criptoativos, a maior taxa percentual do mundo segundo a Chainalysis (2024).
África: adoção por necessidade
Na Nigéria, Quênia e África do Sul, as criptomoedas são usadas principalmente para remessas internacionais, hedge contra desvalorização cambial e acesso a economia global. Estima-se que mais de 50 milhões de africanos tenham carteiras cripto — muitas vezes como única forma de poupança em moeda estável (como USDT).
Américas: polarização entre EUA e América Latina
Nos Estados Unidos, cerca de 55 milhões de pessoas (16% da população adulta) possuem criptomoedas, com forte concentração em millennials e Gen Z. No Brasil, o número ultrapassa 25 milhões, impulsionado por exchanges locais e inflação moderada. Já na Argentina e Venezuela, a adoção é motivada pela hiperinflação — com milhões usando stablecoins como salário ou reserva de valor.
Europa: cautela institucional, mas base sólida
A Alemanha, Reino Unido e França somam mais de 60 milhões de detentores. A União Europeia, com a implementação do MiCA (Markets in Crypto-Assets Regulation) em 2024, criou um quadro legal que estimula a adoção segura — especialmente entre investidores institucionais e classes médias.
Perfis de detentores: além do “investidor médio”
Não existe um único tipo de pessoa que possui criptomoedas. Os dados revelam quatro perfis dominantes:
1. O poupador emergente
Comum na América Latina, África e Sudeste Asiático. Usa stablecoins (como USDT ou USDC) para proteger seu salário da inflação. Raramente negocia — apenas guarda e gasta quando necessário.
2. O investidor especulativo
Predomina nos EUA, Coreia do Sul e Turquia. Compra Bitcoin, Ethereum e altcoins buscando ganhos de capital. Ativo em redes sociais, sensível a tendências e volatilidade.
3. O usuário de DeFi e Web3
Concentrado em centros tecnológicos (EUA, Alemanha, Singapura). Usa criptomoedas não como ativo, mas como combustível para aplicações descentralizadas — empréstimos, jogos, identidade digital.
4. O acumulador de longo prazo (“HODLer”)
Presente globalmente, mas forte na Europa e Japão. Compra Bitcoin como reserva de valor digital, sem intenção de vender por décadas. Frequentemente usa carteiras de hardware e evita exchanges.
O impacto da regulamentação na posse real
Países com regulamentação clara — como Suíça, Portugal, Emirados Árabes e Japão — veem adoção mais estável e diversificada. Já na China, onde a posse é tecnicamente permitida mas o trading é proibido, muitos cidadãos mantêm ativos em carteiras privadas, mas não os usam ativamente.
Na Rússia e Irã, apesar das restrições oficiais, a adoção é alta por necessidade econômica — especialmente para contornar sanções e transferir valor internacionalmente. Isso mostra que a demanda por criptomoedas muitas vezes supera barreiras legais quando há pressão macroeconômica.
Carteiras versus pessoas: o desafio da contagem precisa
Um erro comum é confundir número de carteiras com número de pessoas. A blockchain do Bitcoin, por exemplo, tem mais de 1 bilhão de endereços, mas muitos são vazios, pertencem a exchanges ou são múltiplos endereços da mesma pessoa.
Estudos da Chainalysis usam heurísticas para agrupar endereços por comportamento, estimando que cerca de 100–120 milhões de entidades únicas controlam ativos na rede Bitcoin. Já no Ethereum, com sua arquitetura de contas externas e contratos, a estimativa é de 200–250 milhões de usuários únicos.
Quando somamos todas as blockchains (incluindo Solana, BSC, Polygon), o número de indivíduos únicos com algum ativo digital converge para a faixa de 400–550 milhões mencionada anteriormente.
Tendências futuras: para onde caminha a adoção?
Três forças devem acelerar a posse de criptomoedas nos próximos cinco anos:
- Integração com fintechs tradicionais: PayPal, Revolut, Nubank e outras já oferecem compra de cripto dentro de apps bancários — expondo centenas de milhões de usuários sem exigir conhecimento técnico.
- Tokenização de ativos reais: Títulos, imóveis e commodities representados em blockchain atrairão investidores institucionais e de varejo que nunca tocaram em Bitcoin.
- CBDCs e interoperabilidade: Moedas digitais de bancos centrais (como o digital euro ou o e-CNY) podem servir como porta de entrada para ecossistemas cripto mais amplos.
Projeções conservadoras sugerem que, até 2030, entre 15% e 20% da população adulta global terá algum tipo de exposição a ativos digitais — ou seja, mais de 1 bilhão de pessoas.
Conclusão: uma minoria significativa em expansão
Quantas pessoas possuem criptomoedas? Menos do que os entusiastas imaginam, mas mais do que os céticos admitem. São centenas de milhões de indivíduos — não como massa homogênea, mas como comunidades diversas, motivadas por razões que vão da especulação ao desespero econômico, da inovação tecnológica à simples curiosidade.
O mais importante não é o número absoluto, mas a qualidade da adoção: cada vez mais, as criptomoedas deixam de ser um ativo especulativo para se tornarem uma camada funcional da infraestrutura financeira global. E nesse processo, o “quantos” logo será substituído por “como” e “para quê” — sinais de que a maturidade chegou.
O Brasil está entre os países com mais donos de criptomoedas?
Sim. O Brasil está consistentemente entre os 5 países com maior número absoluto de proprietários de criptomoedas, com mais de 25 milhões de pessoas (cerca de 12% da população adulta). A combinação de inflação moderada, jovens digitalmente conectados e regulamentação em evolução impulsiona essa adoção.
Possuir uma stablecoin conta como ter criptomoeda?
Sim. Stablecoins como USDT, USDC e DAI são criptomoedas plenamente funcionais, emitidas em blockchains e usadas globalmente. Para milhões de pessoas na Argentina, Turquia ou Nigéria, a stablecoin é a principal — e muitas vezes única — forma de exposição a ativos digitais.
Por que os números variam tanto entre fontes?
Porque não há um censo global. Algumas fontes contam carteiras ativas, outras contam usuários de exchanges, e outras fazem pesquisas por amostragem. Além disso, muitos países não coletam dados oficiais. As estimativas mais confiáveis combinam dados on-chain, KYC de exchanges e levantamentos de mercado.
A posse de criptomoedas está crescendo ou estagnada após o crash de 2022?
Está crescendo, mas de forma mais madura. Após a correção de 2022, o número de novos endereços ativos desacelerou, mas não parou. A adoção agora é impulsionada por casos de uso reais (remessas, pagamentos, DeFi) e não apenas por especulação — o que indica sustentabilidade de longo prazo.
Quantas pessoas têm Bitcoin especificamente?
Estima-se que entre 120 milhões e 180 milhões de pessoas possuam pelo menos uma fração de Bitcoin. É o ativo cripto mais amplamente distribuído, seguido por Ethereum e stablecoins. Muitos detentores de outras criptomoedas começaram com BTC, o que reforça seu papel como porta de entrada do ecossistema.

Sou Ricardo Mendes, investidor independente desde 2017. Ao longo dos anos, me aprofundei em análise técnica e em estratégias de gestão de risco. Gosto de compartilhar o que aprendi e ajudar iniciantes a entender o mercado de Forex e Cripto de forma simples, prática e segura, sempre colocando a proteção do capital em primeiro lugar.
Aviso Importante:
O conteúdo apresentado tem caráter exclusivamente educativo e informativo. Nada aqui deve ser interpretado como consultoria financeira, recomendação de compra ou venda de ativos, ou promessa de resultados.
Criptomoedas, Forex, ações, opções binárias e demais instrumentos financeiros envolvem alto risco e podem levar à perda parcial ou total do capital investido.
Pesquise por conta própria (DYOR) e, sempre que possível, busque a orientação de um profissional financeiro devidamente habilitado antes de tomar qualquer decisão.
A responsabilidade pelas suas escolhas financeiras começa com informação consciente e prudente.
Atualizado em: dezembro 27, 2025











